sexta-feira, 28 de julho de 2017

ANÁLISE  SOBRE  LIVROS-5

   Olá a todos! Nesse post vou falar sobre um livro que terminei de ler recentemente chamado "Gog" do autor Giovanni Papini. Antes de falar sobre o livro, vamos falar um pouco sobre o autor.
   Giovanni Papini nasceu em Florença, Itália em 1881 e faleceu na mesma cidade em 1956. Seu pai foi um soldado que lutou nas guerras de independência da Itália lideradas por Garibaldi e sua mãe foi responsável por sua educação inicial. Desde jovem foi um ávido leitor. Formou-se na universidade de Florença. Trabalhou como bibliotecário em Florença e fundou revistas literárias que foram muito influentes. Seu primeiro livro publicado foi "Um Homem Acabado" de 1912 que tinha um conteúdo auto biográfico e falava sobre suas impressões e experiências da juventude. Escreveu mais de sessenta livros. Seu livro "Dante Vivo" de 1933, uma biografia de Dante Alighieri ganhou o Prêmio Mussolini, nessa época ele recebeu apoio de Mussolini que realizava um incentivo as artes no geral, o próprio Papini apoiou o regime fascista embora não possamos afirmar com certeza que ele foi um fascista convicto ou apenas estava emitindo opiniões para resguardar a si mesmo e suas obras. Nasceu de uma família católica, mas, ele foi a princípio muito cético em relação a religião, apenas no fim de sua vida se converteu em um católico fervoroso. Aqui uma foto de Papinni quando ele era jovem:
   O que se destaca em suas obras na minha opinião é a sua crítica a sociedade moderna visível nesse seu livro do qual vamos falar que é considerado uma de suas melhores obras: "Gog" de 1931.
   A história do livro é uma ficção falando sobre as experiências exêntricas e ideias de um personagem chamado Gog. Gog é um sujeito mestiço de mãe nativa do Havaí e pai americano que quando jovem foi para os EUA ganhar a vida e trabalhou por muitos anos acumulando grande fortuna e se tornando um dos homens mais ricos do mundo. Seu nome verdadeiro é Goggins mas ele gostava do apelido que lhe deram de Gog que é um personagem bíblico relacionado ao "Apocalipse" ou "fim do mundo". Papinni começa o livro falando sobre como ele conheceu Gog em um manicômio quando visitava um amigo internado lá. Após conversarem várias vezes, Gog entregou a ele folhas escritas em inglês que eram as narrativas de suas aventuras. Após ficar rico, Gog resolveu viajar pelo mundo e dar vazão a várias extravagâncias que tinha vontade  e conhecendo personagens famosos como Freud, Einstein e outros. O conteúdo dessas folhas é o resultado das impressões e aventuras de Gog. Depois de entregar essas folhas, Gog saiu do manicômio e foi para outro. O autor então publica o livro como se fosse o resumo dessas folhas que Gog lhe entregou. 
   Obviamente existem muitas fantasias e maluquices nesse livro e o autor não conheceu pessoalmente os personagens mencionados no livro, mas, o que achei mais interessante é a opinião de Gog (naturalmente Papinni usou o personagem Gog para emitir suas próprias opiniões) sobre vários temas principalmente sua crítica a sociedade moderna. Aqui alguns trechos:


CAPÍTULO  XXIV--Diversões

   "Experimentei o ópio: me idiotiza. Todos os tipos de álcool: me transformam num louco repugnante. A cocaína: embrutece e encurta a vida. Haxixe e éter são bons para pequenos decadentes ainda distantes da meta final. A dança é um suadouro imbecilizante. O jogo assim que perco dois ou três milhões me enjoa: emoção muito cara e comum. Nos music halls só se encontram os mesmos bandos de girls todas pintadas, tudas nuas, todas detestáveis, todas iguais. O cinema é uma ignomínia reservada ás classes populares.
   A velocidade -de carro ou de avião- distrai a princípio mas torna-se logo ridícula: não se vê nada e chega-se aparvalhado a lugares dos quais só se quer sair. O teatro é diversão para velhos e esnobes impregnados de estética.(...).
   Para o esporte é necessário ser jovem, de gosto fácil e primitivo."

   

CAPÍTULO XXVI--Visita a Lênin

   "-Os homens, Sr. Gog, são selvagens medrosos que devem ser dominados por um selvagem sem escrúpulos como eu. O resto é conversa, literatura, filosofia e música para uso de trouxas. E como os selvagens são semelhantes aos deliquentes, o último ideal de todo governo deve ser o de tornar o país parecido com uma prisão. (...). Meu sonho é transformar a Rússia numa imensa prisão (...). 
   -E os camponeses?
   -Odeio os camponeses-respondeu Lênin com uma careta de desprezo- odeio o mujik (camponês em russo) idealizado por aquele imbecil ocidental chamado Turghenief e por aquele hipócrita fauno convertido que é Tolstoi. Os camponeses representam tudo aquilo que detesto: o passado, a fé, as heresias e as manias religiosas, o trabalho manual. Eu os tolero e acaricio mas os odeio. Gostaria de vê-los desaparecer a todos até o último. Um eletricista vale, a meu ver, cem mil camponeses.(...). Não me creia cruel. Todos estes fuzilamentos e enforcamentos executados por minha ordem me cansam. Odeio as vítimas sobretudo porque me obrigam a matá-las. Iludo-me de ser o diretor geral de uma penitenciária modelo (...). Eu sou, digamos, um semideus local, acampado entre a Ásia e a Europa (...). E eu, ao invés dos hinos dos fiéis, sinto subir até mim os gritos dos prisioneiros e dos moribundos, e posso garantir-lhe que não trocaria essa sinfonia pelas nove de Bethoven. 
   Pareceu-me ver o rosto de Lênin inclinar-se para a frente á escuta de uma música silenciosa e solene que só ele podia ouvir."

CAPÍTULO XXXI--Visita a Edison

   "-Percebe-se logo que o senhor é um profano mas assim mesmo saberá que idealizei numerosos daqueles brinquedos elétricos que os homens, eternas crianças, chamam pomposamente de "grandes invenções". (...). O senhor tem diante de si um velho técnico desencantado para não dizer falido. Não conte a ninguém que o próprio Edison lhe contou da bancarrota da ciência. Os ignorantes precisam de ilusões, os operários precisam trabalhar e os industriais precisam ganhar."

CAPÍTULO XXV--O Teatro Sem Atores

   Um engenheiro de Pittsburg, que aqui representa uma fábrica americana, levou-me a outra noite a um ponto de encontro de boêmios que tem um pouco de botequim, um pouco de café, de teatro e de casa de jogo. As pessoas bebem, fumam e se chateiam como em todos os lugares. (...)."


CONCLUSÃO

   Resumindo, o livro "Gog" é composto de 70 capítulos, contos breves e muito agradáveis de serem lidos aleatoriamente. Garanto que me diverti muito com as viagens e loucuras fictícias de Gog, recomendo a todos!


  
  
      

quarta-feira, 19 de julho de 2017

RESENHA  DE  CDS-33

   Olá pessoal! Nesse post vou fazer a resenha do segundo trabalho da parceria Michael Kiske e Amanda Somerville de 2015 chamado "City of Heroes" essa é a capa:
   Os vocalistas:
   Em um post anterior aqui nesse mesmo blog a "RESENHA  DE  CDS-21" eu falei sobre o primeiro trabalho dos dois chamado simplesmente "Kiske & Somerville" de 2010. De muito bom gosto esse. Nesse "City of Heroes" eles apresentam outro trabalho muito bem feito. Vamos às músicas.
   Começa com "City of Heroes" que tem belos riffs de guitarra abrindo e os dois estão ótimos alternando os vocais, deram muito certo! "Walk on Water" mais cadenciada é legalzinha. "Rising Up" começa parecendo alguma coisa do Tobias Sammet, é um bom power metal. "Salvation" tem mais consistência, é uma das minhas preferidas do álbum. "Lights Out" soa pop levinha mas não é ruim. "Breaking Neptune" tem marcantes riffs na abertura e refrão grudento, é mais uma bastante consistente, outra das minhas preferidas. "Ocean of Tears" é a baladinha do trabalho, começa despretensiosa mas lá pro final fica bem emotiva, muito boa. "Open Your Eyes" soa pop. "Last Goodby" é um popzinho animado. "After The Light Over" bem leve. "Run With A Dream" outro popzinho animado. "Right Now" termina o trabalho de maneira pop, mas termina bem. 
   Resumindo, tá muito bom o trabalho todo, de muito bom gosto como era de se esperar dos dois. Deve agradar o pessoal que gosta de um power metal mas não tem nada pesado, eu diria que tem coisas que seriam bem vindas numa playlist pra rotina, pro dia a dia.