sábado, 9 de julho de 2016

ANÁLISE  SOBRE  LIVROS-2

   Olá pessoal! Vou fazer uma breve apresentação sobre o livro "As Mil e Umas Noites" brevíssima, na verdade focado em apenas uma história do livro.

   Essa edição que eu tenho é da Editora Globo traduzida do árabe original por Mamede Mustafa Jarouche. É uma belíssima edição com lindíssimo encadernamento e capa dura, tenho os volumes 2, 3 e 4.O volume 4 é meu preferido. 
   A tradição de se reunir e contar histórias é muito antiga na civilização humana, mas esse costume de narrar histórias e poesias fazia parte da tradição persa, os árabes acabaram adotando essa tradição."As Mil e Uma Noites" são um conjunto de muitas histórias, elas vieram de várias partes do Oriente Médio séc. XII a XIV e foram reunidas e copiadas por vários escribas, as versões mais conhecidas são de um escriba do Cairo do séc.XIV. A linha básica que faz seguir as histórias é o conto de um rei que foi traído por sua esposa e ficou chocado de pensar que outras mulheres também fazem isso com seus maridos, transformando-se num fanático homicida que faz amor com as mulheres e as mata no dia seguinte. Para evitar isso, Sherazade(segundo o tradutor o nome original é Sahrazad) se oferece ao rei fazendo amor com ele e narrando o pedaço de uma história a cada noite, mantendo o interesse do rei de ouvir mais, o que poupa sua vida até se completar as mil e uma noites quando após ouvir tantas histórias(inclusive de outras traições) ele se arrepende dos assassinatos de mulheres e se casa com ela. 
   As mais conhecidas são as de Alladin(no original Ala'uddin) o navegante Simbad(Sindabad no original) e Ali Baba e Os Quarenta Ladrões. Em meados do ano 1700, um francês especialista na língua árabe chamado Antoine Gallland viajou pelo Oriente Médio ouvindo histórias e reunindo manuscritos. Ao voltar a França publicou As Mil e Uma Noites, que se tornou um sucesso quase imediato. Essa edição da Editora Globo traduzida do árabe original tem algumas características peculiares: palavrões e narrativa de cenas de sexo, tornando o texto mais mundano e menos romântico. Vou deixar aqui algumas histórias de Muzabbid que estão no volume 4. Ele foi um personagem que existiu de verdade no séc.VIII em Medina. As histórias sobre ele mostram suas características de mão-de-vaca(avarento) safado e desdenhoso da religião, são anedotas que eu adoro e racho de rir dele! Háháhá!

CASOS  DE  MUZABBID, O MEDINÊS 
   
   Certo dia, Muzabbid cortou os cabelos com um barbeiro muito feio, que disse: "Ai de você! Porque não roga a Deus por mim?" Muzabbid respondeu: "Temo dizer-lhe 'que Deus afaste o mal de você' pois que se ele o fizer vai deixá-lo sem rosto!
   
   Conta-se que certa vez aconteceu uma violenta ventania na cidade com relâmpagos terríveis e as pessoas gritaram desesperadas: "É o Juízo Final! O juízo Final!" Muzabbid disse: "Então será um Juízo Final bem sem graça, sem Anticristo, nem Besta do Apocalipse nem Gog e Magog!"(obs.:o Anticristo e a Besta do Apocalipse são personagens que a tradição cristã diz que aparecerão no "fim do mundo" e Gog e Magog são chamados de Yajuj e Majuj no Alcorão capítulo 18, fazem parte da tradição árabe e se acredita que atacarão os homens no "fim do mundo".)
 
   Conta-se que Muzabbid estava comendo peixe com leite e alguém lhe disse: "Você não deve misturar peixe com leite." Ele respondeu: "O peixe está morto e não saberá que eu o comi com leite!"

   Certa vez, Muzabbid estava dormindo numa mesquita, quando um homem entrou, fez uma prece se prostrando duas vezes. Ao terminar disse: "Ó meu Deus, enquanto eu rezo, esse aí está dormindo!". Muzabbid ergueu a cabeça e respondeu: "Idiota! Peça a ele o que quiser, mas não o incite contra mim!"

   Certo dia, Muzabbid reuniu em sua casa um homem e sua amante. Durante um bom tempo, eles ficaram se recriminando um ao outro, após isso, o amante quis pôr as mãos sobre ela, que lhe disse: "Agora não é hora e nem lugar!". Ao ouvir aquilo, Muzabbid disse: "Sua puta! E quando será a hora e o lugar? Nos dias do hamadan?(mês sagrado para os mulçumanos dedicado a oração) Nos locais sagrados? Por Deus que não construí essa casa senão para festejos adúlteros e comprei sua madeira com dinheiro ganho em jogos de azar! Haveria melhor lugar para o adultério que aqui!

   Certa vez, Muzabbid estava transportando uma garrafa de vinho vazia, quando o chefe de polícia de Medina o encontrou e ordenou aos policiais espancá-lo. Muzabbid disse: "Que Deus dê prosperidade ao comandante! Porque você ordenou que eu seja surrado?" O homem respondeu: "Porque você está carregando o instrumento da bebida.". Muzabbid respondeu: "Mas eu também estou portando o instrumento do adultério e nem por isso estou traindo!"

 

   
       

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