Olá a todos! Vou postar aqui alguns trechos do livro de Ivan Mendes Klumb "Diário de Um Professor de Filosofia". Na verdade é um livro direcionado a filosofia, mas tem algumas observações bem suaves do autor, por isso resolvi deixar como poesia.
Tenho esse livro a bem tempo, tipo uns 7 anos. Ele chegou pra mim bem por acaso: minha mãe pegou numa pilha de livros que alguém jogou fora! Foi achado no lixo mesmo kkkkk! Gostei dele assim que li e tá comigo desde então.
Ivan Mendes Klumb nasceu em Porto Alegre, formou-se em filosofia no Rio de Janeiro, onde trabalha(ou trabalhava, não sei atualmente) como professor do Ensino Médio.
Como eu disse, não se trata de poesia, o autor expõe alguma coisa básica sobre filosofia nos capítulos, Sócrates, Aristóteles, Kant, Hegel etc. Mas ele intercala essa exposição básica de filosofia com alguns devaneios pessoais, observações de sua rotina, coisas assim, por isso eu gostei tanto.
Aí estão alguns trechos:
IMPRESSÕES
Março-1990
"Marcas no papel. Quarenta anos. Sou quase um nada. Qual o destino de minha consciência e de minha existência?
Jogar com o real, com o cotidiano? Jogar os jogos da vida, da família, da sociedade. São dores sentidas no imaginário, sentidas nos músculos, prazeres sentidos nos músculos, sentidos no imaginário.
Escrever é um sintoma, mas não posso evitá-lo. Se me sinto bem? É uma compulsão. Não podia e não queria pensar na publicação deste tipo de texto. Porquê? Porque é muito íntimo, muito revelador do meu sentimento e, provavelmente, não estava a fim de tornar estes sentimentos, privados, comuns ao público(...)
Tenho estudado, praticado a leitura, lecionado, mas não há nada idêntico ao prazer da escrita livre(...)Volto novamente ao papel. Porque o medo de me expressar desta forma? É proibido?
Todos os dias leio no jornal qual a fonte do sucesso. É objetivo unânime dos vendedores de jornal vender seu produto, ou seja, vender seus atores, seus ídolos, cobrar de cada um a dívida por consagrá-los.
A linguagem deve seguir moldes e estruturas, esta ou aquela norma, porque assim é o certo! Mas deixem-me ser eu mesmo.
Vivemos diante dos palcos da comunicação de massas. Somos o tempo todo espectadores de um imenso show. Há uma dicotomia entre público espectador e os atores. Esta é uma nova realidade na qual há uma dor quando nos sentimos excluídos do grande teatro da vida.
Na minha vida de estudante, fiz muitas opções e ao deparar-me com a carreira universitária preferi me dedicar mais a reflexões pessoais em lugar de me especializar em um único filósofo. Esta postura tem sido, por momentos, bastante cara, mas foi preferível do que me dedicar apenas ao trabalho por enriquecimento material.
Minha opção de vida é repleta de obstáculos, mas não me é mais possível retornar no caminho.
Sentir o calor dos jovens que enfrentam dificuldades e obtêm gratificações no caminho da cultura tem me feito manter acesa a chama do conhecimento.(...)"
RESTOS DE TEXTO
Setembro
"Escuto música no rádio, a memória insiste em revisar o passado, em fazer balanços entre perdas e ganhos.(...)
Entusiasmado com a vida, mas com a memória pesada das batalhas perdidas, as lutas e as conquistas que não satisfazem o esforço sempre constante.
Não estou brincando de escrever. Estou tenso e excitado. O recurso aqui é passar o tempo com o próprio ato de ler e escrever. Preciso esvaziar o pensamento, rabiscar lentamente, conjeturando.(...)
Existe algo de maior complexidade cujo conteúdo ainda não domino.(...)
A arte não tem mais espaço para o mundo intimista em uma sociedade de consumo. Tudo ou quase tudo, hoje em dia pode ser traduzido por um valor comercial.(...)
Já fui longe demais destas analogias e bem me cabe dizer que entre o que se oferece, queremos ser a mais desejada mercadoria. Esta é a lógica moderna."
Nenhum comentário:
Postar um comentário